Proteja o mundo das mãos da Black Order
Abrigando uma grande line-up já no lançamento, Marvel Ultimate Alliance 3 conta com Os Vingadores, Os Guardiões da Galáxia, (alguns) X-Men, Os Defensores e outros para combater a Black Order, de Thanos e cia. em conjunto com outros vilões que almejam o poder das joias do infinito, como o Duende Verde, o Loki e etc.
A história não é riquíssima, e isso não é algo ruim. O enredo é bem mais leve do que vemos no MCU ou até mesmo do que vemos nos jogos de super-herói atuais, sendo contado por animações bem bonitas. Divertida e repleta de referências às HQs, a trama não é ambiciosa em nenhum aspecto, joga no seguro, se mostra bem encaixada nesse novo jogo da franquia e deixa no ar a possibilidade de uma continuação.
O jogo é quase o resultado de um casamento inusitado da Marvel com Diablo (casamento não um pacto), mantendo o estilo de visão isométrica e algumas características do RPG de ação da Blizzard. O jogador começa a sua jornada controlando Os Guardiões da Galáxia e, depois de uns combates ali e alguns tutoriais acolá, se junta com parte dos vingadores. Logo mais, o jogo se desenrola visitando cenários e recrutando heróis para a Alliance.
De fã para fã
O novo produto desenvolvido pela Team Ninja se mostra bastante atencioso com todo material produzido nas HQs. Podemos notar essa característica nas coisas mais simples, como meros diálogos, ou em coisas que afetam mais a estética ou a gameplay, como o design dos personagens, das fases, os golpes e passivas escolhidas. Devido a estas escolhas por parte da desenvolvedora, fica a impressão muito positiva de que estamos jogando uma HQ.Esse carinho com os quadrinhos não é exclusivo desse jogo da série. O segundo jogo, por mais que tenha seus defeitos, adapta o arco da Guerra Civil e, na minha opinião, teve mais êxito que a tentativa feita nas telonas, lá em 2016. Aqui temos uma história escrita “sob medida”, que aproveita bem a onda do hype de “Vingadores Ultimato” sem saturar - muito pelo contrário - vai além e adiciona novos elementos a saga em busca das jóias do infinito. É notável que não faltou atenção com essa parte do jogo, mas e quanto ao resto?
A hora do pau
É “chover no molhado” dizer que a Team Ninja sabe fazer jogos com um combate bom. Basta olhar os lançamentos recentes da desenvolvedora, como Nioh ou até mesmo Fire Emblem Warriors. Nesse jogo não é diferente. A desenvolvedora japonesa entrega um bom combate, como já era costume nos jogos anteriores da série, aliás, não é só o combate que nos remete a jogos da época dos anteriores.
Uma das novidades do combate para esse game são os ataques com sinergia. Explicando bem rapidinho, no game possuímos alguns tipos de ataques e, dentre esses, temos ataques que se combinam. Por exemplo, se há, na sua equipe, alguém que tenha disparos repetitivos, como o Deadpool, e alguém que consiga repelir os projéteis, como se usasse um tornado, como a Tempestade, “bam!” Você tem um ataque com sinergia. É uma adaptação do “fusion” do segundo game bem vinda, incentivando o jogador a sempre procurar novas formações.
Por falar em procurar novas formações, o jogo conta com um esquema de bônus de equipe. Esse bônus concede um incremento em alguns atributos com base nos personagens que você escolhe e se eles têm alguma característica em comum. Por exemplo, escolhendo o Capitão América, Homem de Ferro, Viúva Negra e o Gavião Arqueiro, o jogador consegue o bônus dos Vingadores. Alguns nomes de equipes são até bastante obscuros, como The Crew, presente com o Pantera Negra, Tempestade, Luke Cage e Falcão.
Os demais elementos de RPG estão presentes no jogo. Evoluir golpes com base no nível do herói, upar uma árvore de melhorias e usar cristais ISO-8 para melhorar alguns atributos dos heróis são característicos deste gênero.O level design não se arrisca muito, como outras características nesse jogo. Os locais que o game visita são muito legais, não se prendendo somente aos cenários dos filmes e sim partindo para alguns espaços presentes somente em HQs e que se encaixam bem na história.
O jogo oferece a opção de multiplayer coop, tanto local quanto online, e foi no coop que eu vi o seu maior charme. O combate fica muito mais frenético (e divertido) quando você divide o jogo com alguém. Na minha jogatina, por exemplo, 80% dela foi em coop com o meu irmão. É bem divertido mais descer a porrada em inimigos repetitivos na companhia de um amigo, por exemplo. No pós-game, o jogador pode se submeter a uma dificuldade extra e tentar zerar o jogo novamente para desbloquear novos personagens ou até mesmo completar todos os trials presentes nos “rifts”. Os desafios são basicamente passar a fase de uma maneira diferente ou derrotar o chefe de uma maneira diferente. É ótimo para o grind pois alguns trials dão muito XP e também recompensam com skins, não tão icónicas como as dos games anteriores, mas quebram bem o galho.
Nem tudo são flores
Infelizmente, a nova empreitada da série tem alguns problemas. Não perdendo a meada do modo cooperativo do jogo, posso citar o fato da câmera dar MUITA dor de cabeça devido a tamanha instabilidade. É difícil encontrar quem não tenha enfrentado o mesmo problema.
Além da câmera, outro problema muito constante é a instabilidade nos fps durante as batalhas. A quantidade de objetos na tela durante a batalha acabam com o frame rate, mesmo o jogo não parecendo ser tão “puxado” graficamente.
Também não há um grande incentivo para você ir a fundo na árvore de melhorias, uma das mecânicas de RPG do jogo. Você uma hora usa e usufrui dos seus benefícios, mas não é algo que você vai querer fazer, como a mecânica dos ISO-8. O level design não impressiona e na verdade é até muito simples. Os heróis têm um design muito bacana, bem ligado às HQs, mas a beleza do design não acompanha o restante do visual do jogo. Em outras palavras, o jogo não é tão bonito quanto o console híbrido já se mostrou capaz de rodar.
Veredito
Marvel Ultimate Alliance 3 é um renascimento de uma franquia que marcou a infância de muitos, a minha inclusa. O jogo mantém o mesmo feeling do jogos anteriores e acaba sendo afetado por essa faca de dois gumes. Se por um lado o game é divertido e mantém as mesmas características dos anteriores, por outro temos um jogo que sofre com alguns problemas antigos e perde oportunidades de inovar. A aposta no “arroz com feijão” pode ser gostosa, porém, não custava muito eles terem nos oferecido uma “lasanha”, o que seria uma delícia.
PONTOS POSITIVOS:
- Grande número de personagens bem distintos entre si.
- Referências a HQs sempre bem vindas.
- Combate divertido potencializado por um coop frenético .
- Cinemáticas bonitas.
- Sistemas de sinergia e bônus de equipe são muito interessantes.
PONTOS NEGATIVOS:
- Mecânicas ignoráveis como a do ISO-8.
- Frame rate sofre em diversos momentos.
- O jogo não é tão bonito quanto poderia ser, se destoando de outros títulos do console híbrido.
Nota: 75/100