Review: Darksiders Genesis (Switch)

Em fevereiro desse ano saiu a versão de consoles de Darksiders Genesis, sendo este o quarto título da franquia que narra as histórias dos Quatro Cavaleiros do Apocalipse. Desenvolvido pelo estúdio Airship Syndicate e tendo o incrível Joe Madureira (escritor, desenhista de HQ e Game Developer) como diretor criativo, o game retorna com um aspecto um pouco diferente dos títulos anteriores, e tão bom quanto.

Darksiders Genesis é um Spin Off da série e nos apresenta Strife (Conflito) - quarto Cavaleiro do Apocalipse, junto ao já conhecido War (Guerra), o caçula dos quatro e protagonista do primeiro jogo. 

Vamos à história.

Cavaleiros cavalgam juntos. War e Strife com seus cavalos, Ruin e Mayhem

A história se passa séculos antes de Darksiders 1. Death, Strife, Fury e War cumpriram suas obrigações como cavaleiros do conselho e eliminaram os Nephilins - a própria raça, salvando assim o equilíbrio e... traumatizando de certa forma cada um. 

 Um tempo depois, Strife e War são convocados novamente pelo conselho das chamas – uma entidade encarregada pelo próprio criador a manter o equilíbrio no universo - para uma nova missão.  Há rumores de que o demônio Samael está conspirando com Lúcifer para ameaçar o equilíbrio, então os dois irmãos seguem para o inferno para investigar.

Durante a jornada pelo inferno, Strife e War precisam derrotar vários demônios que se aliaram a Lúcifer, para obter pistas, artefatos ou informações que os leve até o Príncipe Sombrio e para ter sucesso nas missões, eles se aliam temporariamente aos já conhecidos Samael, lorde demônio da bastilha negra e Vulgrim, o demônio mercador.

War e Strife prontos se aventuram em diversos cantos do inferno.

O jogo é dividido em 16 capítulos, então assim que Strife e War concluem uma dungeon ou derrotam algum Boss, o capítulo encerra e eles retornam ao vazio (Void), onde Vulgrim e Samael esperam para dar detalhes da próxima missão. 

Durante a história, os irmãos precisam aprender a trabalhar em equipe e principalmente aprender a lidar um com o outro – algo que ambos têm dificuldade.

Strife é brincalhão, sarcástico, faz piada de tudo e todos a todo o momento e é super questionador sobre as reais intenções do Conselho, já War é o oposto. Sério, impaciente e costuma bancar o soldado perfeito, apenas aceitando ordens sem jamais questionar e isso muitas vezes acaba em troca de farpas entre os dois.

Trabalhar em equipe não é fácil para os irmãos.

 

É claro que os dois cavaleiros se desentendendo resulta nos momentos mais engraçados do jogo. Strife não perde a oportunidade de ofender um inimigo ou zoar com o pobre War e o caçula, por sua vez, é um tanto lento pra entender as piadas ou sarcasmo do irmão mais velho. Mas mesmo com tantos desentendimentos, os laços entre os irmãos se fortalecem no decorrer da história e um está pronto pra proteger o outro. 

Strife e suas piadinhas.

 

Gameplay

Se diferenciando um pouco da jogabilidade dos Darksiders anteriores, Genesis trás uma visão isométrica (isso é, vista por cima), mas ainda mantém todos os elementos tradicionais da franquia. No jogo temos as clássicas dungeons com vários puzzles, ainda que um pouco mais simples que as dos títulos anteriores e também ainda contamos com aquela pitada de Prince of Persia, como escalar, se pendurar, subir e correr pelas paredes enquanto se desvia de armadilhas.

O combate segue a linha hack ‘n’ slash dos jogos anteriores. Você precisa bater em tudo que se move.  War tem praticamente as mesmas técnicas que em Darksiders 1, assim como equipamentos parecidos e é perfeito para ataques físicos com sua fiel espada, Chaos Eater. Strife por sua vez é melhor com ataques a distância, contando com suas pistolas Mercy e Rendemption e também pode usar adagas. Você poder equipar nos dois irmãos aprimoramentos que deixam os ataques deles com dano elemental.  Strife, por exemplo, tem munições com efeitos de gravidade, fogo, eletricidade, laser e de certa forma, cura. War usa os elementos nos ataques mais pesados.

  As munições de Strife possuem poder elemental.

Tanto War quanto Strife também possuem suas transformações – Chaos Form e Anarchy Form, respectivamente. As transformações por um curto período de tempo deixam a dupla incrivelmente poderosa e os dois também podem andar pelas diversas localizações montados em seus fiéis cavalos – Ruin e Mayhem.

Para adquirir certas habilidades passivas no jogo, assim como mais poder de ataque, saúde e fúria você precisa equipar os Cernes de Criaturas (Creature Cores), que são esferas que inimigos normais ou bosses dropam.  Ao equipar o cerne no grid, tanto War quanto Strife se beneficiam dos efeitos, sejam eles uma barreira temporária, seja invocação de monstros simples ou um rastro de fogo deixado pela esquiva, que causa dano aos inimigos. Os cernes sobem até o nível 03 ao colecionar vários da mesma criatura e são essenciais para ter um bom desempenho no jogo. Alguns dos capítulos e os modos de dificuldades pedem um certo nível no poder da dupla e você só consegue atingir tal requisito equipando os cernes.

Cernes de Criatura ajudam a evoluir o personagem.

Sozinho ou Acompanhado

Em Darksiders Genesis você pode jogar sozinho, com um amigo em multiplayer local ou com qualquer pessoa, no multiplayer on line. Os puzzles do jogo mudam de acordo o modo escolhido. Se você vai de single player, você precisa trocar de personagem várias vezes para concluí-los, se você escolher o multiplayer, então você precisa trabalhar em equipe com seu parceiro, seja para alcançar uma plataforma mais alta ou abrir passagens ao mesmo tempo. E jogar Darksiders Genesis em dupla é muito mais divertido, mesmo o jogo não tendo a opção de chat de voz que ajudaria bastante no modo história. (Pelo menos na versão Switch)

Além do modo história, você também pode desafiar a Arena. O modo Arena permite que você enfrente hordas e mais hordas de demônios e as recompensas vão desde moedas de barqueiro a armaduras extras. Junte-se a um amigo e passe horas batalhando na arena.

Enfrente hordas de inimigos na Arena

 

As cenas

O jogo não traz exatamente cenas animadas, ao invés disso, temos ilustrações com uma leve animação, ao estilo de Battle Chases: Night War, que também é da Airship Syndicate. Porém isso não é algo ruim. É como se estivéssemos vendo uma página de quadrinho e o estilo de arte nessas cenas também segue esse estilo comics e ficou muito bom. Lembrando que Darksiders II já utilizava algumas cenas assim quando precisava narrar o passado do Death ou quando jogo dava um resumo da aventura assim que iniciava.

Darksiders Genesis possui belíssimas ilustrações.

 

Nem tudo é o paraíso.

Eu joguei a versão de Switch assim que ela saiu (antes das atualizações) e deu pra perceber que o jogo tem uns probleminhas em algumas partes, nada que atrapalhe o divertimento, porém às vezes tais problemas ficam um pouco chatos. Em vários pontos no Void, se você anda entre as pedras, seu personagem acaba ficando preso ou flutuando entre elas ou em certas plataformas, o personagem acaba caindo fácil demais e justamente no Void, tem os desafios do Wicked K. e da plataforma do Leviathan, o desafio mais complicado do jogo. 

Outros probleminhas também apareceram como ficar presa num canto numa luta contra um boss, não conseguir tocar nas cobras em um certo capítulo para obter achievement e as cenas no capítulo do Mamon se embaralhando. As cenas depois que a luta acabava se misturavam com a cena antes da luta e isso ficou confuso demais. 

O mapa do jogo também não mostra a atual localização do personagem. Eu não achei um problema tão grande, mas muita gente reclamou. E por último, as legendas fora de sincronia. Não sei quanto às legendas na versão original, mas a legenda em PT-BR estavam com esse problema em todas as cenas.. A legenda passava muito rápido. O personagem ainda estava no meio do diálogo e a legenda já tinha passado inteira. Isso me incomodou um pouco. Não que eu ache isso tão problemático, mas para quem precisa ler a legenda para entender as falas, pode incomodar. 

Felizmente, o jogo consertou a maioria desses problemas depois da segunda atualização,  mapa, errinhos e as legendas em português deram uma boa melhorada na sincronia.

Devo dar uma chance?

Darksiders Gensis vale a pena? Sim. O jogo é divertido demais. Mesmo que visão do jogo tenha mudado, a essência da franquia está lá presente. É Darksiders e você sente isso.

Pelo fato de Genesis ser um tipo de prólogo da série principal (assim como os quadrinhos e a novel), você não precisa jogar os jogos anteriores para entender a história. Tudo está bem explicado e no jogo também tem um tipo de diário explicando sobre os personagens, inimigos e dando um resumo sobre cada capítulo. 

O diário possui informações da história, protagonistas e inimigos.

As batalhas são divertidas, o jeito sarcástico e debochado de Strife traz uma ótima dose de humor ao game. Os dois irmãos conversando no meio das lutas ou as frases de efeito que falam durante as execuções são engraçadas. A história, apesar de simples, é bem agradável e se o gameplay, o carisma dos personagens e a história sobre Anjos, Demônios, Nephilins e Cavaleiros do Apocalipse não forem motivo o suficiente pra você jogar, tem a trilha sonora do aclamado Gareth Coker, compositor de Ori and the Blind Forest e Ori and the Will of the Wisps.

As músicas do jogo são lindas. Destaque para o tema da Astarte que é belíssimo e a batalha contra ela é um dos momentos mais épicos do jogo e claro, não poderia deixar de mencionar também o Main Theme e o tema do Moloch que são meus preferidos.

Apesar do jeito brincalhão, Strife é letal contra os inimigos

Darksiders Genesis está disponível para todas as plataformas e sem dúvidas vale a compra, seja pra quem já conhece a franquia, seja pra quem nunca jogou e a versão física ainda possui duas edições especiais, com itens maravilhosos. A Edição de colecionador contém Artbook, trilha sonora, adesivos e uma estátua do Strife e a Edição Nephilim, que além de todos os itens da edição de colecionador, também traz um RPG de tabuleiro. Um prato cheio pra quem é fã.