Acredito que enquanto houver história a gente pode falar sobre. O problema é que existem coisas que fecham em si e não tem porque o autor ou os fãs pedirem mais. Um grande pedido dos fãs sempre foi a saga Harry Potter, e os filmes de Animais Fantásticos não agradaram tanto (assim como A Criança Amaldiçoada).
Então eu entendo que existem histórias com potencial de serem mais bem exploradas, mas, talvez (e só talvez), o ambiente em que ela está e o foco dos personagens não permitam isso.
Um exemplo bom que eu tenho tentado acompanhar é a saga do Harry Hole, policial criado pelo Jo Nesbø, autor norueguês de suspense policial. A série já deve ter uns 12 livros mas cada história fecha em si, porém mais sobre o Harry é contado e colocado a prova. Isso acontece muito no universo do suspense policial, onde se consegue criar essa ideia de histórias com arcos abertos e fechados.
Outro exemplo é "As crônicas vampirescas", de Anne Rice. A saga tem 13 livros, contando o início de Louis e Lestat como vampiros, mas seguindo pela vida do Lestat e quem ele seguiu nesse período. Mas fica complicado ficar acompanhando tudo, pois os livros são muito grandes e as vezes repetitivos (eu amo demais a saga, mas as vezes cansa). Então, tem momentos que insistir no mesmo personagem não faz com que a saga se mantenha viva.
E existem séries que não tem mais o que ser dito. Uma coisa engraçada que aconteceu por exemplo com a saga "Crepúsculo", foi que a autora, em um dos aniversários da saga, decidiu lançar um livro chamado "Vida e Morte", onde os gêneros de todos os personagens é invertido (sim, a Bella vira o Beau e o Edward, a Edythe). A ideia era provar que não importava o gênero, eles se apaixonariam e não era uma questão de "fraqueza feminina". Mas no final ele só provou uma coisa: tinha como reduzir a saga toda em um livro, como ela fez com esse.
Então, há muito que se pensar. Assim como há livros únicos que parecem ter continuação, mas nunca tiveram. O problema maior do tamanho das séries é como as editoras terão que trazer isso para cá. O dólar está cada vez mais alto e a compra de mídia física, cada vez menos acessível, então dá uma enroscada no investimento.
Isso causa um problema pois se a série é muito grande, livros ficam faltando (séries que eu amo e nunca tiveram continuações no Brasil, esse texto é para vocês). E com isso, cada vez mais se questiona, será que existe a necessidade? Além de causar um problema para o autor que é cobrado sempre sobre seu desempenho (George R.R. Martin que o diga). Então, acredito que as séries vão começar a diminuir, ou ter livros com mais de 500 páginas para suprir o público e o autor.
Sinto que sagas consomem cada uma das pontas, porque eu fico cansada de ler coisas muito grandes, o autor cansa de escrever demais e a editora cansa em ter sempre os mesmos autores na sua lista. É complicado para o lançamento de coisas novas, porque você precisa pensar: seguir uma saga que já tem leitores ou investir em algo novo?
Creio que com a entrada de leitores mais jovens, o investimento em sagas menores seja mais viável. Mas sempre terá histórias que são boas e que não importa o tamanho, a gente continuará comprando e lendo.
