(Opinião) Xbox: a marca do ódio


Há poucas horas, a então apresentadora da Xbox Brasil, Isadora Basille, anunciou a sua saída do cargo via Twitter. Ao contrário do que alguns leitores podem pensar, ela não optou por sair, e sim fora demitida pela própria Microsoft, que segundo ela, alegou estar "protegendo" a jornalista de ataques e ameaças que vinha sofrendo.


Isso levantou um debate tão óbvio quanto lamentável, que acaba terminando nos locais mais podres da moral humana. Seria exagero, levando em conta as posições recentes da marca, considerar o ramo brasileiro da Microsoft uma "escrava do ódio" na internet?

Antes de qualquer coisa, vamos lembrar aqui o posicionamento oficial da marca, emitido originalmente em junho de 2019:

Se terminasse por aí, ok. Mas deve-se sempre lembrar que não adianta de muito escrever qualquer carta ou pronunciamento, e não tomar quaisquiser atitudes.


Mil Grau e a exacerbação da intolerância

Um ano após essa "carta", ocorreu o escândalo envolvendo o principal portal de fãs da marca por aqui, a pútrida 'Xbox Mil Grau'. Claro, as mensagens de ódio embutidas em seus vídeos e lives já era um comportamento recorrente de anos.

Porém apenas no contexto da trágica morte de George Floyd nos Estados Unidos, a qual foi - de forma ridícula e racista - ironizada pela XMG, que a conta brasileira da Xbox se movimentou para "desautorizar o uso da marca" nos produtos da Mil Grau. Não depois de uma mobilização nunca antes vista na internet, que chegou até a ouvidos internacionais.

Foi necessária exposição internacional para que a XMG caísse, e com receio da Xbox Brasil

Agora, com o caso de Isadora, a mancha se expande ainda mais. Se antes podíamos dar a desculpa de que a marca não dava atenção para problemas entre seus fãs, agora isso não pode ser mais dito. O próprio pronunciamento da jornalista, no tweet abaixo apenas explicita esse comportamento:

Obviamente, a declaração da Microsoft repercutiu de forma extremamente negativa em questão de minutos. Não é necessária descrever as manifestações de apoio a Basille, seja de (verdadeiros) fãs de games, de demais jornalistas da área e de outras mídias de comunicação. Isso deflagra de vez o pensamento. Ser caixista no Brasil virou um passaporte para a intolerância.

Claro, não é necessário ter dois neurônios para se valer da máxima que "não se pode generalizar". Obviamente não se pode. Felizmente existem pessoas boas (ainda que poucas) que gostam da marca. Mas se tivéssemos que dar uma distância para a generalização da marca Xbox como símbolo de ódio, ela seria algo muito próximo.


A "Cracolândia" gamer

Demitir uma vítima de ataques diretos da própria comunidade não é uma forma de "protegê-la", como oficialmente dito. É uma solução barata para acobertar aqueles que se dizem "pessoas de bem". Que não se preocupam em reprimir instintos podres, que usam a rede mundial para expor e atacar o psicológico de muitos "lacradores", como os próprios intitulam aqueles que não compactuam com seus pensamentos - se não retrógrados - preconceituosos.

Manter gente da pior espécie como consumidores e público alvo da marca é uma forma simplesmente imbecil de manter as vendas e nutrir a prática capitalista. O simples fato de alimentar o entretenimento de um povo que muito provavelmente expõe para fora da internet este comportamento já seria motivo suficiente para considerar algo inaceitável. Agora defendê-los é algo a se execrar.

O público intolerante, representado pela (felizmente) falida Xbox Mil Grau não foi extinto, apenas se espalhou. Estamos falando de uma "Cracolândia ideológica". Não é só dar o jeito em um local, eles sempre vão se reunir em outro.


Poderio gráfico, não moral

Assim como seus produtos, aparentam ser o progresso, mas se escondem por tecnologias batidas. Não possuem personalidade exclusiva, se apoiam em terceiros para se manter no topo. E sempre dependem de pilhas de ódio para recarregar sua ética vazia. Perderam o controle e não tem o mínimo interesse em retomá-lo. E assim anda a carruagem. Seria mais conivente criar um novo slogan para a marca por aqui. Uma boa ideia seria essa aqui do título.

O que claramente falta na Microsoft e Xbox do Brasil é pulso firme. Pulso firme para enfrentar essas "viroses" sociais. Pulso firme para reeducar e formar um novo público. E pulso firme para evitar que isso se repita no futuro. Caso contrário, a medida mais conveniente é seguir os passos da Nintendo em 2015 e deixar o país. Quer continuar consumindo Xbox para professar seu ódio? Então vai ser mais difícil.

Só não faz nada quem está acomodado com a situação. E ao que podemos ver, nesse ano pelo menos parecem estar muito acomodados.

Revisão: Da autora