O Catálogo
Esse é o ponto vital de todo o console. É com base nos jogos disponíveis principalmente que o consumidor vai escolher onde gastar seu dinheiro e nesse quesito, o portátil de 2004 “deu aulas”. Com mais de 2000 jogos lançados durante sua vida útil, pode-se afirmar que o DS tem um dos conjuntos mais divertidos de jogos lançados. Destaca-se também um diferencial que a Nintendo teve e que a concorrência não teve: uma atenção ao mercado casual, ainda não amplamente explorado à época. Isso também ajudou em muito a render os créditos do sucesso que foi o Wii, lançado dois anos depois. Com a segunda tela, por exemplo, outras formas de jogar foram surgindo com mecânicas bastante divertidas. Posso citar aqui um jogo que me divertiu muito: o Mario Hoops 3-on-3 da Square Enix, que usava e abusava da tela touch. Aliás, tela touch essa que foi um dos trunfos do console. Não à toa, seu slogan no Brasil se chamava “Tocar é legal!”.
A simplicidade jogou ao lado da Nintendo em todo momento. Do seu design ao seu software interno, o console não era nenhum bicho de sete cabeças para quem não estava acostumado com jogos eletrônicos. Nos primeiros modelos, não havia nenhuma interface requentada como a do PSP, você colocava o cartucho e jogava. O ar de casualidade também se estendeu a biblioteca do console, que abraçou com maestria todos aqueles que escolheram se aventurar no portátil da Nintendo. Minha mãe, por exemplo, era viciada em “Cradle of Rome” e “Brain Age”. Tiveram momentos que eu tive que parar minha jogatina para passar a vez para a minha mãe e isso é ótimo, pois prova que todos os públicos são bem vindos no console.
Graças aos benefícios dos flashcards que, pelo menos aqui no Rio, eram vendidos em conjunto com o portátil, eu pude jogar vários jogos. Joguei meu primeiro Mario Kart, meu primeiro Mario Party e meu primeiro Pokémon por lá. A biblioteca do DS é absurdamente vasta e diversa, agradando a literalmente todos os públicos.
![]() |
Exemplo de Flashcard |
Juntamente com o bom catálogo, a experiência de ter um DS era algo que não se conseguia em qualquer outro console disponível - pelo menos para mim. A possibilidade de jogar com várias pessoas pelo multiplayer local era algo bastante único e que pesou bastante. O recurso do Download Play, que permitia mais pessoas jogarem com um único cartucho, também era um ponto a mais. A diversão ia para outro patamar quando reuníamos uma galera no recreio. Não havia a sensação de que se estava jogando os jogos de um console de mesa na palma da mão. Não era um Gamecube/Wii portátil, e sim um Nintendo DS.
O PSP por exemplo, que literalmente significa PlayStation Portátil, era uma experiência portátil de um PlayStation 2 que qualquer outra coisa, basta ver a lista de jogos mais vendidos do console. E isso não é demérito nenhum, mas, na minha opinião, o Nintendo DS ia além, pois entregava a experiência de um console portátil - e sua devida causalidade - enquanto o PSP procurava entregar a experiência de um console de mesa para se jogar em qualquer lugar.
Preço e Portabilidade
O preço e a portabilidade foram os outros dois pilares que sustentaram o sucesso do Nintendo DS. Saindo a $150 no lançamento, algo em torno de 300 reais na conversão direta (saudades dólar a 2 reais), o videogame não era nenhuma “diversão barata”, mas era mais barato que a concorrência e também entregava uma experiência robusta. O preço ainda caiu com as versões posteriores, que também tiveram o design repaginado.
![]() |
Nintendo DSi com seu design novo |
Os jogos em si também não eram tão baratos, mas em compensação muitos deles prometiam centenas de horas de diversão e eram extremamente viciantes. Além disso, gostando ou não, a pirataria não exigia grandes sacrifícios e nem colocava a vida útil do console em risco, contribuindo bastante também para o custo benefício do console e impactando diretamente nas vendas, assim como ocorreu na popularização do PS2.
A portabilidade - a essência do console - é algo que atraiu muitos jogadores. Poder fazer curtas jogatinas em qualquer lugar e a qualquer hora é algo que eu particularmente sou apaixonado. Como bem disse, poder levar meu Nintendo DS para jogar com os amigos no colégio era algo único e sensacional e que não demandava grandes esforços como colocar um Wii no projetor da escola.
O “On-the-go” cada vez mais pede passagem nos dias de hoje. Os nossos celulares atuais tem um hardware mais robusto e dispõem de jogos mais complexos para se jogar em qualquer lugar, o serviço de streaming aos poucos vai tomando seu lugar ao sol e, obviamente, a experiência de um console portátil continua em alta com o Nintendo Switch, que une o melhor dos dois mundos, a casualidade de um portátil e a robustez de um console de mesa, com o “toque” especial dos exclusivos da Nintendo e de algumas thirds.
Conclusão
A experiência portátil de se jogar videogame vem sendo aprimorada com o avançar da tecnologia, e alcançou um outro patamar com a família de consoles Nintendo DS. A 4ª família de consoles portáteis rodou o mundo e levou diversão para milhões de pessoas.O Nintendo DS é um sistema divertido para caramba, e cada pessoa tem sua própria lista de favoritos, fazendo jus ao seu catálogo expressivo. Tudo bem que temos uns títulos em especial aqui e acolá, mas não é exagero falar que há muita diversão em cada cartucho, excluindo por razões óbvias aqueles de puro gimmick (Algum recurso extra adicionado a fim de atrair a atenção), como o jogo do Jonas Brothers que meu primo ganhou com o seu Nintendo DS.
![]() |
"Um GOTY subvalorizado" |
E hoje, ao observar seu retrospecto, pode-se certamente afirmar que o meu primeiro console Nintendo foi um dos melhores já produzidos, e que nele é possível observar ideias que estão em constante evolução nos demais portáteis da empresa.