Um fenômeno chamado Nintendo DS

    Era Natal de 2009 e eu, no auge da minha infância, sonhava em apenas uma coisa: ganhar um Nintendo DS de natal. O portátil era o must have na minha escola e dominava os recreios. Hoje, pouco mais de 11 anos depois, estou me recordando do misto de emoções positivas que foi ganhar meu DS lite azul e como esse videogame tornou minha infância ainda mais divertida.
    Pois bem, fato é que o Nintendo DS foi um enorme sucesso. Foram aproximadamente 150M de unidades vendidas, o que é um feito para poucos, porém, pelo menos para mim, alguns fatores foram extremamente importantes para que tenhamos esses números assustadores: seu catálogo, seu preço e sua portabilidade. Aliás, essa é a fórmula do sucesso para os consoles portáteis que a empresa de Kyoto repetiu com o 3DS e com o Nintendo Switch (tirando a parte do preço, risos). Esses três fatores, somados a uma boa campanha de marketing, resumem bem a família do Nintendo DS.

O Catálogo

    Esse é o ponto vital de todo o console. É com base nos jogos disponíveis principalmente que o consumidor vai escolher onde gastar seu dinheiro e nesse quesito, o portátil de 2004 “deu aulas”. Com mais de 2000 jogos lançados durante sua vida útil, pode-se afirmar que o DS tem um dos conjuntos mais divertidos de jogos lançados. Destaca-se também um diferencial que a Nintendo teve e que a concorrência não teve: uma atenção ao mercado casual, ainda não amplamente explorado à época. Isso também ajudou em muito a render os créditos do sucesso que foi o  Wii, lançado dois anos depois. Com a segunda tela, por exemplo, outras formas de jogar foram surgindo com mecânicas bastante divertidas. Posso citar aqui um jogo que me divertiu muito: o Mario Hoops 3-on-3 da Square Enix, que usava e abusava da tela touch. Aliás, tela touch essa que foi um dos trunfos do console. Não à toa, seu slogan no Brasil se chamava “Tocar é legal!”.


    A simplicidade jogou ao lado da Nintendo em todo momento. Do seu design ao seu software interno, o console não era nenhum bicho de sete cabeças para quem não estava acostumado com jogos eletrônicos. Nos primeiros modelos, não havia nenhuma interface requentada como a do PSP, você colocava o cartucho e jogava. O ar de casualidade também se estendeu a biblioteca do console, que abraçou com maestria todos aqueles que escolheram se aventurar no portátil da Nintendo. Minha mãe, por exemplo, era viciada em “Cradle of Rome” e “Brain Age”. Tiveram momentos que eu tive que parar minha jogatina para passar a vez para a minha mãe e isso é ótimo, pois prova que todos os públicos são bem vindos no console.
    Graças aos benefícios dos flashcards que, pelo menos aqui no Rio, eram vendidos em conjunto com o portátil, eu pude jogar vários jogos. Joguei meu primeiro Mario Kart, meu primeiro Mario Party e meu primeiro Pokémon por lá. A biblioteca do DS é absurdamente vasta e diversa, agradando a literalmente todos os públicos.

Exemplo de Flashcard


    Juntamente com o bom catálogo, a experiência de ter um DS era algo que não se conseguia em qualquer outro console disponível - pelo menos para mim. A possibilidade de jogar com várias pessoas pelo multiplayer local era algo bastante único e que pesou bastante. O recurso do Download Play, que permitia mais pessoas jogarem com um único cartucho, também era um ponto a mais. A diversão ia para outro patamar quando reuníamos uma galera no recreio. Não havia a sensação de que se estava jogando os jogos de um console de mesa na palma da mão. Não era um Gamecube/Wii portátil, e sim um Nintendo DS.

    O PSP por exemplo, que literalmente significa PlayStation Portátil, era uma experiência portátil de um PlayStation 2 que qualquer outra coisa, basta ver a lista de jogos mais vendidos do console. E isso não é demérito nenhum, mas, na minha opinião, o Nintendo DS ia além, pois entregava a experiência de um console portátil - e sua devida causalidade - enquanto o PSP procurava entregar a experiência de um console de mesa para se jogar em qualquer lugar.



Preço e Portabilidade

    O preço e a portabilidade foram os outros dois pilares que sustentaram o sucesso do Nintendo DS. Saindo a $150 no lançamento, algo em torno de 300 reais na conversão direta (saudades dólar a 2 reais), o videogame não era nenhuma “diversão barata”, mas era mais barato que a concorrência e também entregava uma experiência robusta. O preço ainda caiu com as versões posteriores, que também tiveram o design repaginado. 

Nintendo DSi com seu design novo

    Os jogos em si também não eram tão baratos, mas em compensação muitos deles prometiam centenas de horas de diversão e eram extremamente viciantes. Além disso, gostando ou não, a pirataria não exigia grandes sacrifícios e nem colocava a vida útil do console em risco, contribuindo bastante também para o custo benefício do console e impactando diretamente nas vendas, assim como ocorreu na popularização do PS2.

    A portabilidade - a essência do console - é algo que atraiu muitos jogadores. Poder fazer curtas jogatinas em qualquer lugar  e a qualquer hora é algo que eu particularmente sou apaixonado. Como bem disse, poder levar meu Nintendo DS para jogar com os amigos no colégio era algo único e sensacional e que não demandava grandes esforços como colocar um Wii no projetor da escola.

    O “On-the-go” cada vez mais pede passagem nos dias de hoje. Os nossos celulares atuais tem um hardware mais robusto e dispõem de jogos mais complexos para se jogar em qualquer lugar, o serviço de streaming aos poucos vai tomando seu lugar ao sol e, obviamente, a experiência de um console portátil continua em alta com o Nintendo Switch, que une o melhor dos dois mundos, a casualidade de um portátil e a robustez de um console de mesa, com o “toque” especial dos exclusivos da Nintendo e de algumas thirds.


Conclusão

     A experiência portátil de se jogar videogame vem sendo aprimorada com o avançar da tecnologia, e alcançou um outro patamar com a família de consoles Nintendo DS. A 4ª família de consoles portáteis rodou o mundo e levou diversão para milhões de pessoas.

    O Nintendo DS é um sistema divertido para caramba, e cada pessoa tem sua própria lista de favoritos, fazendo jus ao seu catálogo expressivo. Tudo bem que temos uns títulos em especial aqui e acolá, mas não é exagero falar que há muita diversão em cada cartucho, excluindo por razões óbvias aqueles de puro gimmick (Algum recurso extra adicionado a fim de atrair a atenção), como o jogo do Jonas Brothers que meu primo ganhou com o seu Nintendo DS.
"Um GOTY subvalorizado"

    E hoje, ao observar seu retrospecto, pode-se certamente afirmar que o meu primeiro console Nintendo foi um dos melhores já produzidos, e que nele é possível observar ideias que estão em constante evolução nos demais portáteis da empresa.